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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto:
https://www.triplov.com/cyber_art/Manuel-Almeida-Sousa/index.htm

 

 

MANUEL ALMEIDA E SOUSA

Portugal  )


N. Cascais 1947
Fazedor de coisas (simples) e criador de canídeos. Passou por vários sítios incluindo a Escola Superior de Teatro e Cinema. É fundador do projecto associativo Mandrágora onde encenou e actuou como “figurante”.
Já pintou, desenhou e fez revistas - entre elas a "Bicicleta".

 

 

Poema visual de Manuel Almeida Sousa

 

SULSCRITO  3   junho 2010.   SULSCRITO    antologia da indiferença    [Tavira, Portugal: 4águas editora]     87 p.    
ISSN 1646-7744
.                            Ex. bibl. Antonio Miranda

 

POETA

— és poeta? Perguntaste? —Sou plagiador/respondi?... plagiei todos os
poetas que li? e?naveguei o único poema que a(ssa)sinei
um poema-cavalo branco que galopa as minhas veias?que ensaia
estupendos  saltos precipícios?um poema-sexo-lamina-de duas
faces?um poema-punheta?um poema-em-fuga?(foge todas as
noites da minha cama para foder com outros)
— és poeta?perguntaste?e eu, esquecido de todas as lembranças,
assolado pelas consternações do mapa-mundi, encalhado nas ruas
de barcelona, sem música e sem geografia, sem ir à horta onde as
raízes pensam lona, sem ir à horta onde as raízes pensam e o
vinho escorre por entre fábulas de almanaque... eu que não existo.
mesmo antes de estar morto, não existo.
só disse? — tu... há muito que dormes comigo, na minha cama.
tudo começou muito antes de te conhecer?     fui surpreendido pela
arquitectura do teu corpo-prazer-ócio?o prazer e o ócio? o prazer
o prazer e ócio: o prazer e o ócio?         que ainda me mantém vivo
—és poeta?perguntaste? e eu?... só disse?— não prolonguemos as
civilizações mecânicas...
a obscuridade retrocede e o ciclo das estações em salas climatizadas.
a noite e o verão perdem o seu encanto e o romper da alba está a
desaparecer?já não há espaço para o sonho?quero descansar nas
ruínas do império?enamorar-me do rio que as atravessa?casa com
ele?e?passearmo-nos por entre as velhas pedras?os nossos véus de
noivado (negros) serão suportados por dois adolescentes?ele de
marinheiro (como gosto)?ela desnuda (como convém)
sou, todo eu, um plágio. uma janela aberta por onde transparecem
milhares de imagens roubadas
premeditamente.

 

DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22Editor Guido Bilharino.  Uberaba, MG: 1992.  147 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda


 

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Página publicada em abril de 2023

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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